sábado, 31 de outubro de 2009
Discos superestimados (por mim) - "Killer", Alice Cooper, 1971.
Alice Cooper foi o primeiro verdadeiro rocker que vi, e ouvi, quando tinha meus 12 ou 13 anos. Antes dele eu ouvia (e comprava os discos) do Renato & seus Blue Caps, The Fevers, Os Incríveis, e por fim estava ouvindo Secos & Molhados. Vi na TV um show de Alice da sua turnê de 1973, já tarde da noite, e aquilo foi impressionante e definitivo na minha vida musical. Passados 36 anos continuo gostando de seus discos, com a formação original, de 1970 até 74. Dentro desses, um é especial e superestimado por mim: "Killer" de 1971. Para começar, o disco tem uma sonoridade espetacular, muito bem gravado (o meu LP é argentino, de qualidade superior ao brasileiro), encorpado, graças ao grande produtor Bob Ezrin, responsável direto pela excelente qualidade do disco. O lado A abre com "Under my wheels", de cara um verdadeiro petardo. Tudo parece que foi gravado no máximo volume, lembrando "Stooges" ou "MC5", só que o trabalho de guitarra do excelente Glen Buxton e o contrabaixo pulsante de Dennis Dunaway soam feroses e cristalinos como lâminas afiadas. Junto com o vocal furioso de Alice, um detalhe saboroso, um naipe de metais, dando mais gás ainda para essa belíssima abertura. Depois dessa porrada vem "Be my lover", uma música que chupou descaradamente os riffs de "Sweet Jane", de Lou Reed. Mas, em vez de ser apenas um plágio, não, a música faz jus aos acordes "emprestados" do Velvet Underground, com uma letra muito boa, e, talvez, o melhor vocal que Alice tenha conseguido gravar. Se você não foi conquistado por essas duas músicas "Halo of flies"vem com tudo para não deixar dúvidas. A música é um épico de mais de 8 minutos (anormal para a maioria dos temas de Alice), grande parte instrumental, de passagens maravilhosas, quase cinematográficas, sem nunca perder o pique, a energia pulsante (aqui o trabalho de teclado do grande Michael Bruce brilha como nunca), o solo de bateria do magistral Neal Smith e o apoteótico final num crescendo wagneriano é de tirar o fôlego (tem que ouvir bem alto). Depois de ficar meio atordoado com esse sons maravilhosos vem "Desperado", uma baladinha para dar uma acalmada, talvez a única faixa mais fraca do disco, mas que eu adoro e para mim não tem nada de fraquinha (dizem que foi escrita inspirada em Jim Morrisson). Depois de respirar um pouco, o lado B abre com um dos maiores petardos crudos do rock'n'roll: "You drive my nervous", uma coisa estúpida que te joga contra parede, num duelo entre os vocais ensandecidos de Alice e o trabalho assombroso das guitarras de Buxton e Bruce. Em seguida vem "Yeah, yeah, yeah", música boa (confesso que não é a minha preferida do disco), tem um solo de gaita de boca de Alice que cai muito bem, além de ser vigorosa e não decepcionar. Aí então vem a nata do lado B: "Dead babies" e fecha com "Killer". "Dead babies" é um dos temas mais polêmicos e mórbidos de Alice (muito criticado), mas também não deixa de ser um aviso para pais ausentes e descuidados. O trabalho de baixo é marcante e a música apresenta passagens épicas e novamente cinematográficas. Depois desse verdadeiro choque, "Killer" vem para liquidar. Num clima sombrio (novamente o baixo de Dunnaway), um vocal pesaroso e uma troca de climas constante (um dos mais belos trabalhos de guitarra do já falecido Glenn Buxton) culmina numa espécie de órgão de igreja, que lembra Procul Harum, e fecha de forma perfeita esse meu disco favorito. Se você acha que sou só eu que gosto? Não! Johnny Rotten confessou que é seu disco favorito e, a revista Rolling Stones, de 1971, (quando era um jornal mesmo) editou uma grande materia sobre o disco, acho que era do Lester Bangs, colocando que o disco era o melhor do ano de 1971, desbancando o excelente "Stick fingers", dos Rolling Stones, e que, "You drive my nervous" estava entre as dez melhores músicas do rock de todos os tempos. Ufa! É isso aí. O canal é ouvir o disco mesmo e conferir. Até a próxima!
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