segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"Blowin' the wind"


"Blowin' the wind" foi um projeto em que eu e meu amigo, grande guitarrista, Zéca, fizemos em 2007, num tributo ao grande músico Bob Dylan. Sou fã de Dylan desde os meus 17 anos, e meu sonho era fazer um show acústico só cantando músicas de Dylan. Ensaiamos durante um tórrido verão de 2007, gravamos os temas no meu estúdio caseiro (Zéca nas cordas e harmônica, e eu no vocal e gaita de boca). O resultado saiu legal e alguns temas saíram excelentes. Quanto a nossa apresentação o show ainda não rolou. Na época andei escrevendo um release para o disco:

A “Blowin' the Wind” é uma excelente surpresa que nos chega nos dias de hoje, por nos trazer a obra de um dos maiores músicos de todos os tempos: o lendário Bob Dylan. Atualmente parece que estamos num interminável e árido deserto em termos de boa música; falta de inspiração, grande apelo comercial e pouca exigência com a qualidade musical fazem parte do cenário chamado cultural. A música de Dylan é semelhante a um bom vinho tinto: quanto mais passa o tempo melhor vai ficando. Sempre atual, com sua temática intrigante, rítmo forte, e envelhecida nos barris do melhor folk, raízes do blues, do country e rock'n'roll, suas canções já fazem parte do imaginário coletivo, assim como os Beatles e os Stones. Quase todo mundo conhece algumas de suas canções, tais como: “Blowin' the wind, Like a rolling stone, Lay, lady,lay” entre outras.

A “Blowin' the Wind” é formada pelo violonista e guitarrista Zeca “urso” Garcia, que anteriormente tocou com a “Yellow Dog”, e pelo vocalista Marcus “pica-pau”, da underground “Os Dinoboys”. O repertório passa por várias fases da carreira de Dylan. Além de covers das canções mais conhecidas, a dupla faz ótimas releituras de maneira muito própria e criativa. Aqui teço um comentário crítico do CD demo das músicas do show recém gravado.

    1 - “All along the watchtower” - Imortalizada por Jimi Hendrix, essa faixa abre o CD em uma versão standard, e o destaque fica nos ótimos solos de violão de Zeca Garcia.

    2 - “ Ballad of thin man” - Uma pérola, pouco conhecida, do álbum “Highway 61 revisited”, trabalhado de forma bluesy e jazzística, num arranjo maravilhoso. Ótima combinação do vocal, cordas e até do trompete (do pica-pau) lá no fundo.

    3 - “Blowin' the wind” - Apresentada na sua forma clássica, com vocal bem acentuado, só diferenciada no final, como no álbum “At Budokan”, de 1978.

    4 - “Desolation Row” - Belíssima releitura, num inspiradíssimo trabalho de cordas e vocal bem ajustado, ao estilo do álbum original. Por ser muito longa, tocaram até um pouco mais que a metade.

    5 - “Don't think twice, it's alright” - Apresentada de maneira simples, apenas a base e voz, parece faltar um acompanhamento, ou poderia ter mais “levada” dando a impressão de um pouco arrastada.

    6 - “Girl of north country” - Cantada de maneira mais country, com uma gaitinha no fundo, tem uma levada legal, pena que no fim embola um pouquinho.

    7 – “Hurricane” - Clássico do álbum Desire, esta gravação crua traz a pegada forte do andamento maravilhoso da melodia. Muito bem nos vocais e com um acompanhamento seguro das cordas e da harmônica, ficou uma versão vigorosa.

    8 - “If you see her, say hello” - Uma pequena obra-prima da “Blowin' the Wind”. A sensibilidade da gaita do Zeca, o vocal expressivo do Pica-pau, o trabalho do violão, tudo saiu perfeito. Uma pérola extraída do excelente disco “Blood on the tracks”.

    9 - “It ain't me, babe” - Cantado no estilo “Real live”, de 1984, com uma gaitinha no fundo, o vocal lembra bem o Dylan original, e mesmo com o violão um pouco cansado, o resultado ficou legal.

    10 - “It's all over now, baby blue” - Tocada de forma blues, com uma harmônica marcante do Zeca, em uma gravação crua sem efeitos.

    11 - “Just like a woman” - Outra maravilha, extraída do clássico “Blonde on blonde”, traz um excelente trabalho vocal, com um acompanhamento feminino, uma sensibilidade nas cordas e um resultado impecável.

    12 - “Knockin' on heaven's door” - Cantada de maneira bem dylaniana, ao estilo da faixa 8, é uma música que quase todo mundo gravou e todo mundo gosta.

    13 –“ Like a rolling stone” - Clássico absoluto, é uma das melhores faixas em termo de vocal. Muito expressivo e seguro o vocal não deixa a peteca cair, e ainda tem uma guitarra legal no fundo.

    14 - “Love minus zero / no limit” - Muito boa releitura. O trabalho de guitarra muito bem encaixado e o vocal certo com uma gaitinha no fundo.

    15 - “Man of constant sorrow” - Cantada de maneira bem folk, simples, traz uma boa gaita estilo blues de estrada, tocada pelo Zeca.

    16 - “Masters of war” - Releitura audaciosa, ao estilo Neil Young & Crazy Horse, misturado com uma guitarra meio psicótica de John Cale (Velvet Underground), distorcido os vocais e guitarras, ficou diferente. Dylan tocou parecido no “Real live”, de 1984.

    16 - “Most of the time” - Outra releitura audaciosa e desta vez perfeita. Talvez a melhor faixa do CD. Tudo deu certo: o vocal melancólico, a guitarra pesada contrastando com um belíssimo solo de violão, o trompete bem no fundo, enfim, outra música que lembra muito o estilo do “Velvet Underground”. Excelente.

    17 - “Mr. Tambourine man” - Depois do clima denso de “Most of the time”, essa faixa traz um brilho, uma claridade, como o sol depois de um longo dia cinza e nublado. Poderia ser um pouco mais curta, assim como faz o Byrds, do Roger Mac Guinn, nas suas apresentações.

    18 - “Seven days” - Última faixa e um verdadeiro petardo nos ouvidos, levada ao limite da distorção e com um bom trabalho de voz do Marcus “Pica-pau”. Abaixo, uma pequena amostra de uma pérola "Just like a woman". Até a próxima!


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