sábado, 4 de dezembro de 2010

Livros que marcaram minha vida

Dedico esse post ao meu grande amigo e "brother" Felipão, que me sugeriu escrever sobre os livros que mais me emocionaram (como fiz com as músicas). Então aí vai alguns que ficaram gravados na minha memória e são inesquecíveis:

1) "O Idiota" - Dostoievski. Começo com um dos meus escritores favoritos. Lá pelo início da década de 90 comecei a ler vários de seus romances, emprestados da Biblioteca Pública, e li "Os irmãos Karamazov" (2 volumes) e os "Os demônios", dois "tijolos"(antes somente havia lido "Crime e castigo"), mas, o que mais me marcou foi "O Idiota"; assim como o personagem principal de "Crime e castigo" para mim é inesquecível , o de "O Idiota" (principe Mishkin, se não me engano), ficou marcado até hoje. Outra coisa que marcou foram os dramáticos ataques epiléticos do personagem, baseados nos próprios ataques do autor.

2) "A Montanha Mágica" - Thomas Mann. Essa coisa de personagem é marcante mesmo. Hans Castorp (se não me engano) é o personagem principal desse outro "tijolo". Li praticamente na mesma época do livro anterior (Biblioteca Pública, de novo); e o livro situa-se numa casa de saúde na Suiça (se não me engano), no início do século XX, para o personagem tratar-se de uma tuberculose, e lá ele conhece uma série de figuras que representam a sociedade da época. Fato curioso é que quando estava lendo uma parte desse livro que tratava de uma sessão espírita (muito comum na época), e era um capítulo longo, eu estava lendo deitado, já passava da meia-noite, a luminária da minha cabeceira caiu na minha cabeça, me dando um verdadeiro cagaço! Logo depois estourou um cinzeiro de vidro sozinho na cozinha! Aí me caguei completamente, apaguei a luz e fui tentar dormir...

3) "A Vida Errante de Jack London" - Irving Stone. Esse não poderia faltar. Foi um dos primeiro livros que comprei num sebo, lá no meio da década de 80. Não me lembro o que me levou a conhecer Jack London, mas depois que li sua biografia romanceada por Irving Stone, não fui mais o mesmo. Jack London encarnava a figura do herói aventureiro, vagabundo, valente e talentoso, tudo que eu admirava na época (e até hoje). Nesse romance são citados vários escritores que influenciaram Jack e que eu logicamente também procurei conhecer; foi aí que eu fui atrás de Nietzsche e outros gênios da literatura.

4) "Germinal" - Émile Zola. Esse livro, não me esqueço, me foi emprestado pelo seu Homero, homem culto, já de idade, que era meu colega desenhista, lá da CEEE, 1990. Conhecia de nome o livro porque havia lido uma biografia de van Gogh (acho que também era do Irving Stone) na qual dizia que um dos seus livros favoritos era o "Germinal", de Émile Zola. E o livro é fantástico, te prende e até te sufoca, já que o livro trata de mineiros miseráveis; e tem uma parte em que eles ficam soterrados na mina e a água vai subindo que eu tive de parar de ler porque comecei a passar mal. Outro "tijolo" inesquecível.

5) "Em Busca do Tempo Perdido" - Marcel Proust. Não li todos os volumes, apenas os três primeiros (inclusive o terceiro eu comprei), com a tradução de Mário Quintana, Editora Globo (bons tempos!); mas o que li já foi o suficiente para nunca mais esquecer essa grandeza literária. O que ficou gravado na minha memória é o requinte da narrativa, a riqueza dos detalhes, a perspicácia das recordações do personagem (o próprio Proust), ou seja, depois de ler Proust você não conseguirá ler nunca um Paulo Coelho, por exemplo.

6) "Ulisses" - James Joice. Depois de ler Proust (que as vezes pode ser cansativo e meio chato) resolvi encarar "Ulisses", de James Joice. Escolhi as férias de verão e me dediquei exclusivamente a esse livro. Levei três meses para lê-lo e foi uma das coisas mais estranhas que já li até hoje. O que ficou é que todo aquele "tijolo" é apenas um dia na vida do personagem (Bloom, se não me engano), e os neologismos que Joice inventou durante a narrativa, lembro de "derruído" - uma mistura de derrubado com destruído. Um livro muito louco.

7) "O Jogo da Amarelinha" - Julio Cortázar. Um dos meus escritores argentinos favoritos (o outro é o Borges). Nesse livro o que marca é que você lê como se jogasse a amarelinha, vai pulando os capítulos conforme o autor indica, ou pode lê-lo normalmente, você escolhe. Se não me engano o livro fala sobre o exílio de Cortázar em Paris, de maneira poética e comovente. Felipão, não esqueci que você me presenteou com um livro de contos de Cortázar, que também é excelente.

8) "O Processo" - Kafka. Para mim, junto com Joice e Proust, Kafka foi um dos maiores escritores do século XX. Li alguns de seus romances (todos excelentes) mas o que mais me marcou foi "O Processo". Simplesmente é o romance definitivo sobre a burocracia imbecil de todos os governos prepotentes que nos sufocam diariamente. E isso me fez odiar ainda mais qualquer tipo de poder ou governo. Além de tudo Kafka foi um dos precursores do surrealismo, um gênio.

9) "Trópico de Câncer" - Henry Miller. teve um época (anos 80) em que eu estava lendo todos os romances de Bukowski, suas bebedeiras, orgias e negação contra o sistema. Achava o máximo! quando descobri Henry Miller descobri que Bukowski não chegava nem perto da poética e narrativa desse verdadeiro "outsider". Depois li outros romances de Miller, mas "Trópico de câncer" continua, para mim, sendo o melhor.

10) "Psicologia de Massas do Fascismo" - Wilhelm Reich. Por fim, não poderia esquecer o meu velho guru, que me mostrou o caminho sem volta do conhecimento, do amor e da vida. Reich caiu nas minhas mãos com um livrinho chamado "Casamento indissolúvel ou relação sexual duradoura?" A partir daí caiu todo um sistema de regras, convenções e preceitos morais (como casamento obrigatório, virgindade e outras caretices da sociedade burguesa). Acabei lendo vários de seus livros ("Análise do caráter", "A morte de Cristo", "A função do Orgasmo", entre outros) mas o que mais me marcou foi esse "tijolo" chamado "Psicologia de massas do Fascismo", um livro porrada.

Então tá Felipão, tá aí meu top 10 dos livros que me marcaram. Um abração!

2 comentários:

  1. Muito bom gosto, siga em frente.
    Faltou na lista, na minha opnião, não sei se já os leu, mas o HIPERION, de Friedrich Holderlin, Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche, e Moby Dick...
    abraço

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  2. Valeu, Juan. Desses que tu citaste eu só li o Nietzsche por enquanto.Vou anotar os outros, valeu a dica.

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