segunda-feira, 17 de junho de 2019

"Gurizada Medonha" - Uma Odisseia Pelos Anos 80"

Terminei meu segundo livro, estou na fase da digitação e das imagens. O título provisório é: "Gurizada Medonha - Uma Odisseia Pelos Anos 80". O livro é sobre memórias de fatos que raramente poderiam acontecer hoje, e nessas últimas décadas, aventuras de uma turma da pesada que aprontaram várias durante a década de 80. Aqui vai um trechinho:


"O Cascuda tinha uma moto RD-125, importada, cor de telha, dois escapamentos e dois carburadores, apesar de um só funcionar. Eu adorava o ronco daquela motinho, era parecido com o ronco da RD-350 e lembrava até o super ronco da RD-750, só que era uma 125, bem menos potente. A moto tinha cinco marchas mas só andava bem até a quarta, e quando batia a quinta perdia a força por causa de um dos “carburas” pifados. Em 1981, 82, 83 até 84 você podia andar de moto na cidade sem capacete que não dava nada, além de poder pilotar sem camisa, de chinelos de dedo e até com três na garupa que tava liberado, a polícia não se encarnava, na época quem fiscalizava o trânsito era Brigada Militar, não existia os “azuizinhos” (fiscais de trânsito) e muito menos os kamikases dos moto-boys. Era uma delícia pilotar sentindo o vento no rosto, o cabelo voando, a sensação de liberdade era o máximo..! O Manuca tinha uma DT-125, azul, trail, importada, uma bicheira de respeito, mas que só funcionava com ele, se outro fosse pilotar ela pifava... Uma vez saímos eu e o Manuca na bicheira dele depois de termos tomado várias cevas em algum boteco. Não lembro onde estávamos mas já era tarde da noite. Ele pilotava e eu, na garupa, fazia as marchas... Que perigo! Nós meio emborrachados, sem capacetes, dando risadas sem rumo em plena av. Bento Gonçalves, nas proximidades da PUC, na madruga. De repente quebramos uma travessa e subimos uma rua escura em direção a uma das vilas do Partenon. Rua escura, pouca iluminação, e nós dando risadas e berros em cima da motinho. Passamos por um grupo de pessoas e resolvemos dizer umas gracinhas nada educada para eles, e depois pé na tábua porque eles realmente não gostaram de ser provocados. Só que na hora de se mandar a moto começou a engasgar, e eu, na garupa, não conseguia engatar as marchas. O Manuca gritava: “Vâmo Pica-Pau!!! Engata essa merda!!!” E a coisa não ia, e a turminha brava se aproximava perigosamente... E para piorar mais a moto apagou! Eu pulei da garupa para ver se o Manuca conseguia ligar a bicheira, e nada... Comecei a ficar apavorado porque os caras estavam bem perto e com certeza seríamos linchados. A moto parecia ter “afogado”, falei para o Manuca que eu iria empurrar para ver se pegava. Já era desespero, e eu sai empurrando a bicheira naquela escuridão, sem saber direito onde estávamos, e os gritos cada vez mais forte de “pega”! “pega!”, “mata!”..! Quando eles estavam a poucos metros de nós a moto pegou e o Manuca saiu voando, me deixando para trás, correndo atrás dele..! “Volta, Manuca!! Os caras vão me matar!!” Ele já tinha andado uma meia quadra, fez a volta, e eu consegui pular na garupa como se fosse um sapo, e sumimos dali a milhão, escapando da ira sanguinária da turba..."

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